sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Rebelião, intolerância e perseguição




I - A REBELDIA DO SER HUMANO CONTRA D'US

A intolerância do ser humano e a perseguição ao seu próximo são conseqüências da sua rebeldia contra D'us.

Desde a queda do homem no גַן-עֵדֶן, Gan Eden, Jardim do Éden, o ser humano adquiriu uma tendência pecaminosa, isto é, uma lei que opera em todo o seu corpo, que o obriga a se rebelar contra tudo e contra todos, principalmente contra o seu Criador (יהוה), o D'us de Avraham, Abraão, de Yitzchac, Izaac e de Yaacov, Jacó. (Rm. 7:18-23).


Data e hora local em Israel



O rabino Shaul, Paulo nos fala dessa tendência pecaminosa nesse texto abaixo:

"Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou. De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se manifestasse excessivamente maligno. 

Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 

Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. 

Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de D'us; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros.

 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a D'us, por Yeshua ha Mashiach nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de D'us, mas com a carne à lei do pecado." (Romanos 7:11-25).

E ele mesmo nos dá a resposta nesses outros textos de como fazer para agradar a D'us:

"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão no Mashiach Yeshua. Porque a lei do Espírito da vida, em Yeshua ha Mashiach, te livrou da lei do pecado e da morte... Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. 

Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra D'us, pois não é sujeita à lei de D'us, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a D'us. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Ruach HaShem, Espírito de D'us habita em vós..." (Romanos 8:1,2,6-9).

"Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna." (Galatas 6:8).


II - D'US CONCEDEU AO SER HUMANO O LIVRE ARBÍTRIO


O Eterno ao criar o ser humano o capacitou a ter uma vida totalmente livre, porém debaixo da dependência e orientação do Criador, com o propósito de preservar o homem das conseqüências de suas possíveis escolhas erradas. Portanto, D'us não criou o homem como se ele fosse um robô ou uma marionete que não têm vontade própria.

Um dos objetivos porque D'us criou o ser humano com o poder de livre escolha refere-se ao fato de que o Eterno deseja ter alguém para se relacionar. O Eterno deseja ter comunhão, intimidade com alguém que também possa lhe corresponder, assim como num casamento de um homem com uma mulher. 

Ninguém gostaria de se casar com uma pessoa que não lhe amasse, assim também D'us deseja ter alguém para se relacionar, mas que também lhe ame. D'us deseja estar junto de alguém que também deseja estar junto dele. 

Ele poderia, através do seu poder obrigar ao homem a lhe obedecer e viver junto dele para sempre, porém essa atitude seria semelhante a de um homem que obrigasse uma mulher a viver com ele, sem que a mesma o amasse. Mas essa atitude não faria com que essa união tivesse o mesmo valor de uma união por amor recíproco.

A primeira e mais importante das mitzvot, ordenanças é o SHEMA (Devarim, Dt 6:4,5), amar a D'us de todo o coração, de toda alma e de toda força, mas D'us não obriga ao ser humano cumprir isso, porque Ele não é um ditador, porém a atitude do homem em não cumprir essa ordenança, constitui-se em rebeldia contra o Eterno e certamente esse homem sofrerá as conseqüências disso.


III – CONSEQÜÊNCIAS DA LIVRE ESCOLHA DO HOMEM

A boa escolha que o homem faz pode determinar a sua felicidade.


Quando os israelitas estavam prestes a entrar na Terra Prometida, o Eterno pôs diante dos mesmos as bênçãos decorrentes da obediência deles aos seus mandamentos e as maldições pela desobediência aos mesmos. (Devarim, Dt 27:10-26 e capítulo 28).


E a má escolha que ele faz pode determinar a sua infelicidade.


D'us ama o homem, porém odeia o pecado. O universo que o Eterno criou é regido totalmente por leis físicas, as quais também são para a nossa segurança. Alguém já parou para pensar sobre o que seria de nós se esses elementos físicos deixassem de obedecer a estas leis? 

Assim também é com o ser humano, pois toda vez que um homicídio é cometido ou alguma outra lei do Eterno é quebrada, então há um grande desequilíbrio no universo que D'us criou. 

A lei de D'us existe para o nosso próprio bem. O semáforo vermelho é um aviso de perigo, quando algum motorista não o obedece pode causar um acidente com terríveis conseqüências para ele mesmo e até para outras pessoas. Assim também é com relação ao homem e as leis que D'us o deu.


IV – A MEDIDA DA INJUSTIÇA DOS AMORREUS



O Senhor (יהוה) disse para o seu servo Abraão que a sua descendência somente possuiria a terra que foi prometida por Ele, a partir da quarta geração, isso porque a medida da injustiça dos amorreus ainda não estava cheia. (Bereshit, Gn 15:16). O Eterno é amor e misericórdia, mas também é justiça. Mesmo sendo Abraão justificado, através da fé diante do Eterno, ainda assim Ele não poderia ser injusto para com os amorreus, os quais habitavam a terra de Canaã.

D'us é misericordioso, piedoso e tardio em irar-se. (Ex 34:6). Nos dias de Nôach, Noé, o Senhor esperou durante muitos anos até que a arca ficou pronta e a família de Noé entrou nela e o anjo do Senhor fechou a porta por fora, para evitar que Noé ou alguém de sua família, por compaixão abrisse a porta por dentro, com a finalidade de salvar alguns daqueles que durante tantos anos ouviram a mensagem sobre o dilúvio, porém não acreditaram e preferiram continuar vivendo pecando contra o Senhor (יהוה) D'us.

Podemos ver aqui duas faces do Eterno que é piedoso, misericordioso e tardio em irar-se, mas que também é justo e não inocenta o culpado. (Shemot, Ex 34:7; Bemidbar, Nm 14:18). Diante de um D'us assim, que tipo de pessoas devemos ser? 

A mensagem da redenção e salvação em Yeshua haMashiach está sendo proclamada nos quatro cantos do planeta, todavia como nos dias de Noé a mesma tem sido rejeitada pela maioria dos seus habitantes. Entretanto a palavra do Senhor, as Escrituras não voltarão para Ele vazia como Ele mesmo nos diz:

“Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”. (Yeshayah, Is 55:10-11).

De qualquer forma a palavra de D'us se cumpre seja ela para a salvação daqueles que crêem ou para a condenação daqueles que não crêem.


V – O JUÍZO DE D'US SOBRE OS POVOS DA TERRA DE CANAÃ


D'us usa Israel como instrumento para executar o seu juízo.

Porém, aqui não se trata de intolerância religiosa por parte dos israelitas não, mas sim de um julgamento divino. Israel estava recebendo ordem diretamente de D'us para exercer o seu juízo sobre aquelas nações, e também de possuir suas terras como herança e promessa do Eterno aos descendentes de Abraão. (Dt 18:9-14). 

E quando Israel desobedeceu a essa ordem pagou caro por isso (Js 9:3-24; II Sm 21:1-2), pois os gibeonitas enganaram a Israel, o qual não consultou ao Senhor, antes fizeram paz com os gibeonitas jurando pelo Senhor que não os destruiriam, quando a ordem divina era para destruir todos os habitantes daquelas terras.

O juízo executado por Israel sobre aquelas nações simboliza o juízo de D'us sobre as nações executado pelo Mashiach Yeshua e os seus redimidos, quando da sua volta gloriosa para reinar sobre toda a Terra. (Dn 7:9,10,13,14,18,27; II Tm 4:1).


VI – INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, PERSEGUIÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS


A história nos comprova todo o sofrimento do povo judeu pela intolerância religiosa praticada por vários povos. As atrocidades cometidas contra os judeus pela Inquisição Católica e pelo Nazismo na Segunda Guerra Mundial jamais serão esquecidas por eles.

A extinta URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em setenta anos de ditadura militar causou perseguições, torturas e até a morte de milhares de pessoas, cujo crime era de apenas crer em D'us fossem elas judias, católicas, protestantes ou de qualquer outra religião.

E as conseqüências dessa intolerância religiosa e dessas perseguições sofridas por esses povos são as cicatrizes que nunca desaparecerão de suas memórias.

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião." (Nelson Mandela.

Será possível que nos dias de hoje o ser humano não tenha ainda aprendido a lição que a história nos apresenta? Infelizmente nós acreditamos que não.


VII - A PROIBIÇÃO DAS PRÁTICAS ABOMINÁVEIS DAS NAÇÕES

O povo judeu tem sido o povo que mais sofreu pela intolerância religiosa e até racial, a do antissemitismo. Entretanto, existe uma coisa que nos entristece mais que as próprias perseguições sofridas pelos judeus... É a desobediência dum número considerável de judeus sobre o que D'us (יהוה) diz no texto abaixo:

“Quando entrares na terra que o Senhor teu D'us te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Entre ti não haverá... adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos”. (Devarim, Dt 18:9-11).

No entanto é a coisa mais “normal” nos dias de hoje ver judeus praticando todas essas abominações, forma como D'us se expressa falando dessas coisas do verso nove do texto mencionado anteriormente. Ao mesmo tempo em que esses judeus praticam tudo isso, eles continuam sendo aceitos pela comunidade. 

Infelizmente alguns rabinos ao tomar conhecimento dessas coisas não se manifestam contra esse comportamento desses judeus. Porém, basta que algum judeu reconheça Yeshua como sendo o verdadeiro Mashiach, para logo sofrer discriminação, intolerância e perseguição, isso quando ele não é imediatamente excluído da comunidade.


VIII - FELIZES SÃO OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DE YESHUA


Assim disse Yeshua sobre quem é perseguido por causa dele:

"Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós." (Mateus 5:11,12).

O rabino Shaul, Paulo perseguia os talmidim, discípulos de Yeshua, até que viu uma grande luz do céu que o cegou e caindo ao chão ouviu as seguintes palavras:

"Shaul, Shaul, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Yeshua, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convenha fazer."
(Atos 9:3-6).

E após isso o rabino Shaul, de perseguidor dos discípulos de Yeshua passou a ser perseguido pelos próprios compatriotas, os judeus.

Contudo, o que mais importa mesmo ao Eterno não é o fato de alguém ser judeu apenas na carne, ou seja, ser descendente de Abraão apenas através da genética, do DNA físico, mas sim de ter o DNA metafísico do patriarca, isto é, ser filho de Abraão através da mesma fé que o patriarca tinha no único D'us (יהוה). De que vale ser judeu de pai e mãe e até recitar o SHEMÁ (Devarim, Dt 6:4,5) se essa pessoa não tem a mesma fé monoteísta que caracteriza os verdadeiros descendentes de Abraão?

Ser judeu messiânico é ser um judeu completo porque já identificou o Messias e o segue, pois um judeu que ainda não reconheceu o Mashiach Yeshua ainda é um judeu incompleto. 

Na realidade no Mashiach Yeshua nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. (Gl 6:15; Ef 2:11-22). Pois o Eterno fez dos dois povos (judeus e gentios) um só povo, o qual é superior aos anteriores e que tem dupla nacionalidade, a terrena e a celeste, e pela celeste somos embaixadores da parte do Mashiach, com uma importante vocação: De chamar os pecadores ao arrependimento para se reconciliarem com D'us, através do Mashiach. (2 Cor 5:17-20).


CONCLUSÃO:

Esperamos com sinceridade que esse nosso artigo contribua de alguma forma, para que todos aqueles que venham lê-lo, quer sejam judeus ou gentios, crentes ou ateus não sejam rebeldes ao Eterno e nem intolerantes ou perseguidores para com o seu semelhante. E também que se unam com aqueles que já aprenderam essas lições.

Lehitraot.

פולוס וואלי ✡


Nota sobre minha assinatura:

"Origem judaica dos sobrenomes Valle, Vale.

פולוס - Polos / Paul / Paulo

וואלי - Valley / Valle / Vale

Porque o meu sobrenome Vale deveria ser com duas letras "L", mas por um erro do Cartório só tem uma.

Portanto, abaixo faço referência a um Rabino de renome com esse sobrenome Valle (וואלי):